quarta-feira, 26 de outubro de 2011

O papel dos pulmões (Fei)



Órgão da Sensibilidade

Os pulmões são considerados o "órgão da sensibilidade" na Medicina Tradicional Chinesa porque eles se abrem diretamente para o ambiente externo e geralmente são o primeiro órgão interno atacado por agentes patogênicos externos (organismos causadores de doenças), como as bactérias ou vírus.
Os sintomas de desequilíbrio nos pulmões incluem tosse, asma, fleugma, dor no peito, inchaço, perda de voz e sangramentos nasais.

As funções dos pulmões na Medicina Tradicional Chinesa

Os pulmões controlam a respiração. Essa importante função se relaciona intimamente com a compreensão ocidental do órgão. Além de controlar a inalação do oxigênio e exalação do dióxido de carbono, os pulmões (juntamente com o baço) são vistos como a fonte do qi pós-natal, a real vitalidade de uma pessoa. Os rins são considerados a fonte do qi pré-natal, a constituição.

O conceito de qi pós-natal é importante porque as pessoas com uma constituição fraca não precisam ser confinadas em uma vida de fadiga ou doença. Através de exercícios respiratórios como o Qi Khong, uma pessoa pode melhorar sua vitalidade por meio do qi dos pulmões. Os pulmões controlam o qi do corpo inteiro.

Como os pulmões transformam o ar inalado em qi, eles têm uma influência importante nas atividades funcionais do corpo inteiro. Quando o qi do pulmão está forte, a respiração é normal e o corpo tem energia suficiente. Por outro lado, o qi do pulmão fraco, priva os outros órgãos e tecidos do corpo de energia, o que leva à falta de ar, voz fraca e fadiga geral.

Os pulmões controlam os fluidos corpóreos na parte inferior do corpo. Os pulmões, como um órgão da parte superior do corpo, ajudam a movimentar o qi e os fluidos corpóreos para a parte inferior do corpo. Quando essa ação descendente dos pulmões é prejudicada e o fluxo normal do qi é desequilibrado, sintomas como tosse e falta de ar podem ocorrer. Também, os fluidos podem se agrupar na parte superior do corpo, resultando em edema (severa retenção de água) e dificuldade para urinar.

Se esse conceito é difícil de ser entendido a partir de uma perspectiva anatômico ocidental, pense nele a partir de um ponto de vista energético. Por exemplo, quando você mergulha um canudo de bebida na água, o canudo se enche de água. A água então flui para fora do canudo quando você o retira da água. Porém, se você colocar um dedo sobre a extremidade do canudo antes de erguê-lo da água, a água permanecerá no canudo até você erguer seu dedo. Essa ação é similar ao bloqueio do movimento descendente da água que resulta do desequilíbrio da função dos pulmões.

Os pulmões regem os pêlos do corpo e a pele. Esse princípio se refere à função dos pulmões de dispersar umidade para a pele, manter sua flexibilidade e elasticidade. Os pêlos do corpo e os poros também são considerados uma parte integrante do sistema defensivo dos pulmões: eles agem como uma fronteira entre o ambiente externo e o interior do corpo, protegendo o corpo do ambiente externo.
O qi que flui logo abaixo da pele é chamado de wei qi e é considerado o sistema imunológico do corpo. Quando o wei qi está forte, o corpo é capaz de combater os agentes patogênicos externos.

Clinicamente, a relação entre os pulmões e os poros é vista em pessoas que freqüentemente contraem resfriados: normalmente elas reclamam que têm aversão ao vento, e que elas transpiram quando não estão sentindo calor. Esses sintomas se devem a um desequilíbrio no controle dos poros exercido pelo pulmão, resultando no fácil acesso ao interior do corpo por agentes patogênicos externos.

Os pulmões se manifestam no nariz e controlam a voz. Quando o qi do pulmão está saudável, o olfato é agudo, as passagens nasais permanecem abertas e a voz é forte. Quando o qi do pulmão está em desarmonia, a pessoa pode apresentar sintomas de congestão nasal, muco excessivo, olfato prejudicado e voz fraca ou rouca. Como a maioria de nós já experimentou, um colapso na energia do corpo inteiro normalmente acompanha esses sintomas.